segunda-feira, 18 de junho de 2007

A casa da família


Tendo casado em 4 de Janeiro de 1943, os avós foram habitar uma casa, herança do avô, contígua à da tia Conceição (irmã do avô). Esta casa, hoje, é propriedade da prima Maria Adelaide e foi restaurada recentemente.

A escada de acesso, parte do pátio e respectiva entrada eram comuns às duas casas.

Enquanto os filhos de ambas as famílias foram pequenos tudo corria bem…, mas à medida que foram crescendo o espaço comum começou a ser insuficiente…

Nesta casa nasceram os filhos Maria de S. José, Isabel e Margarida.

Aproveitando a aquisição global da propriedade do tio Manuel (irmão do avô) que tinha emigrado para a Argentina, onde passou a residir, os avós venderam algumas propriedade e realizaram o necessário para a construção de uma casa independente onde vieram a nascer os filhos José, Manuel e Maria de Lurdes.

“Um dia quando ia para o mercado de Pega reparei numa casa de que me despertou a atenção e pensei logo que gostaria que a casa que planeávamos construir fosse parecida com aquela”, diz o avô.

“O arquitecto fui eu com o parecer de algumas pessoas”. O primeiro desenho foi feito pelo Sr. António Pires complementado pelo primo Pe Manuel Gomes (irmão da prima Lurdes).

“Inicialmente tinha previsto uma vivenda com um único piso térreo, mas o meu padrinho Joaquim Gomes (pai da prima Lurdes e Pe Manuel Gomes) aconselhou-me a fazê-la com dois pisos pois que, com um único telhado, ficava com duas casas”.

A construção iniciou-se no Inverno de 1948, pelo mês de Novembro, e prolongou-se durante um ano.

“Os alicerces fora abertos por mim e ajustei o seu enchimento por 150$00”.

O fornecimento de todos os materiais (pedra e madeiras) “eram da minha responsabilidade”, diz o avô. Foi necessário chamar pessoal que, com carros de vacas, transportaram a pedra (grande e pequena). As pedras de cantaria foram cortadas num local situado junto à ponte da Redondinha, do lado esquerdo da curva da estrada no sentido da Cerdeira.
A construção das paredes foi adjudicada por 30$00/m2 aos pedreiros “José Pedreiro” e Raul Pequenão. O vão das portas e das janelas também estava incluído como se de parede se tratasse. Estes pedreiros, sendo oriundos da zona de Alcains, participaram na construção da estrada e casaram no Peroficós onde passaram a residir.
“Por 7 contos -7 000$00- ajustei tudo o que era feito em madeira: placas do primeiro andar e sótão, portas, janelas, armação do telhado e respectivo forro em escama”, diz o avô. As madeiras foram todas serradas manualmente no próprio local a partir de pinheiros cortados nas propriedades familiares do Cadaval e dos Barros. A telha, vinda de Mortágua, também entrou neste contrato. Esta telha, ainda existente, constitui a actual cobertura do cabanal.

As janelas depois de colocadas estiveram algum tempo sem vidros. Um dia o carpinteiro trouxe-os mas não os colocou. “Como tínhamos muita pressa em habitar a casa eu e o meu amigo António Inácio tentámos colocá-los, pensando que era fácil... Partimos metade e não adiantámos nada”.

As divisórias eram feitas de ripas cruzadas com uma estrutura em madeira no meio das mesmas.

O rés-do-chão, amplo, ficou destinado ao armazenamento dos produtos resultantes da agricultura: centeio (em arcas de madeira), batata, vinho (em tonéis), cebolas, feijão, etc., enfim, tudo o que a terra dava e era necessário guardar para o sustento familiar de um ano. Aqui também funcionava o tear, colocado debaixo da cozinha, e amassava-se o pão que era cozido no forno público.

O primeiro andar destinava-se à habitação familiar e ara constituído por cozinha, dois quartos, uma sala autónoma e uma sala de passagem (tipo hall), que dava acesso aos quartos e à varanda que tinha vistas para a estrada. Nesta sala a avó, em especial nas tardes de Verão e nas noites de Inverno à luz da candeia, costurava, para toda a família.

Nos fins do Outono de 1949 a família mudou-se para esta casa, mesmo sem estarem rebocadas as divisórias e as paredes internamente.

O avô tem referido várias vezes que a avó ficou tão contente com a casa que dizia que tinha sido a melhor prenda que lhe podia ter dado.

Em 1955/56, as divisórias e as paredes interiores foram rebocadas com barro e em 1965/66 o reboco de barro foi substituído por reboco com cimento.

Em 1976/77 o rés-do-chão foi adaptado a quartos e casa de banho, conforme está hoje, dado que já não havia produção agrícola que justificasse aquele espaço e, além do mais, a família tinha aumentado com o casamento dos filhos e nascimento de alguns netos. As exigências de conforto também eram outras…

Nos fins da década de 70 as paredes foram rebocadas exteriormente e pintadas à cor de tijolo.

Em 24 de Dezembro de 2004 foi consumida por um incêndio.

O avô e todos nós ficámos muito tristes com o sucedido, tanto mais que era o dia da consoada e o dia do aniversário da avó que já havia falecido no dia 24 de Agosto de 1997

Perante tão triste acontecimento a reacção do avô foi a seguinte: “ardeu a tenda mas ficou o tendeiro” e pensou logo em proceder à sua reconstrução. Em Agosto de 2005 estava, novamente, pronta a habitar.

A inauguração aconteceu no dia 25 de Dezembro de 2005 com cerimónia adequada em que o avó cortou, simbolicamente, a fita com uma tesoura entregue pelo elemento mais recente da família - o Tó da Patrícia. O Avô fez questão de percorrer e mostrar toda a casa…, após o que fizemos um brinde!

A cerimónia de inauguração foi feita a pedido do Avô: “ Ó Filomena eu queria fazer uma festa para inaugurar a casa” E a Filomena lá deu sequência ao pedido …

A sala dos netos (a cozinha da casa), por sugestão do Filipe, passou a chamar-se “Sala Messias”, a partir de então.

Esta sala é, de facto, o grande ponto de encontro de todos os netos. É o seu espaço… Aqui, à volta da lareira, desfrutam de um são convívio, dando assim muita alegria ao avô que, assim, sente reviver a “sua” casa.

NATAL de 2005

Numa data como esta
É bom sabermos sorrir
Fazer sempre grande festa
Confiar no que há-de vir

Um ano passou e aqui estamos
Dispostos a continuar
Muito alegres nos juntamos
Unidos pelo verbo “Amar”

O Pai é o nosso guia
Grande exemplo de coragem
Pois quem mais assim faria
Após tão difícil passagem?...

O que mais se pode dizer
A tão grande mestre e herói
Para além de agradecer
O que ele é e sempre foi?!...

E assim nós os irmãos
Sobrinhos e todos os demais
Apertemos as nossas mãos
Por muitos mais Natais!...

25/12/2005 - Maria Filomena Andrade

1 comentário:

Pat disse...

Bela história, sim senhor!!